Memórias da Tertúlia Romântica (1999-2008)

Memórias da Tertúlia Romântica

(1999-2008)

Este blog foi criado com o objetivo de resgatar a memória dos participantes da Tertúlia Romântica no CMPA nos anos entre 1999 e 2008. Refazer caminhos, narrar episódios e conhecimentos dessas vivências nos ajudará a descrever o que significou e ainda significa na vida de vocês, ex-alunos, essa prática interdisciplinar.

Caros ex-alunos e professores, este espaço é seu: publique aqui sua experiência nessa prática educativa, enviando comentários, vídeos, audios e fotos de sua participação.

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10 julho, 2012

Depoimento da Professora de Literatura: Maria Izabel da Silveira


MARIA IZABEL DA SILVEIRA - Professora de Português e Literatura CMPA
Ao ler alguns depoimentos e ver as fotos postadas no blog, revivi vários momentos bonitos das Tertúlias Românticas realizadas em nosso colégio. Senti muitas saudades também... Uma iniciativa brilhante da professora  Helena Friedrich,  de Literatura do 2º ano, em 1999, que, com a parceria da professora Eva Alves, de História, resultou em um belo trabalho que perdurou por 10 anos.  Eu era professora de Literatura do 1º ano na época e somente em 2002 e 2003 participei mais efetivamente quando passei a dar aulas na cadeira de Português do 2º ano. Apesar de exigir um planejamento acurado e de muitas horas de dedicação, geralmente fora do nosso horário normal de trabalho, posso dizer que foi uma das atividades mais gratificantes que já tive oportunidade de realizar nesse colégio. Foi um exemplo de trabalho de equipe entre professores e alunos principalmente, embora houvesse colaboração de professores de teatro e de dança convidados para auxiliarem tecnicamente.
Além de fazer parte da memória histórico-cultural de nossa instituição, a Tertúlia foi antes de tudo a representação perfeita de uma aprendizagem integrada e interdisciplinar que mobilizava não só conhecimentos de História e de Literatura, mas também de Arte e de habilidades específicas de cada um dos participantes, tanto alunos como professores. Cada um procurava participar na atividade em que poderia expressar melhor suas habilidades. Assim os alunos se integravam em atividades como dramatização, declamação, dança e até na construção de cenários, por exemplo. A ex-aluna Bianca Horn representava bem essa habilidade: como exímia desenhista, planejou, desenhou e  coordenou a pintura dos cenários para a dramatização de “O Continente 1” de “O tempo e o vento”  em 2002. Era tudo um tanto improvisado. Colocávamos os materiais no piso do salão para podermos desenhar e pintar. Vários alunos que, por timidez ou por falta de habilidades artísticas de teatro, não desejavam participar das apresentações para o público, ajudaram a desenhar e a pintar os cenários. De uma forma ou de outra todos participavam.
A cada ano, um tema básico era escolhido, resultando em apresentações diversificadas e enriquecedoras, sempre diferentes e atrativas.  Obras românticas eram selecionadas e faziam-se roteiros das cenas fundamentais para a apresentação. Lembro de ter ensaiado os alunos para “O Guarani”, “Lucíola” e “ A dama das camélias”, entre outras. Havia representações de saraus, com apresentações de canto, música de piano e/ou violão, declamações, culminando com a esperada valsa. Era uma oportunidade ímpar para os alunos não só conhecerem teoricamente a obra literária do século XIX, mas principalmente por terem a vivência de um momento de nossa história, sentindo-se identificados por alguns momentos com aqueles personagens, com suas roupagens, cenários e linguagem tão diferentes dos atuais.
Há muitos momentos das Tertúlias que ficaram em minha memória, mas alguns destacam-se mais, como “O Navio Negreiro” apresentado por alunos formando um navio, o quadro vivo de “ A Liberdade conduzindo o povo” ( lindo!), as meninas bordando a primeira bandeira do Brasil sentadas nas escadas do palco, Lord Byron declamando (em mais de uma Tertúlia). A cada ano, a Tertúlia trazia novidades e mobilizava nossas emoções. Quero registrar que, antes de tudo, o que deve ter ficado para os alunos que dela participaram, assim como para nós, professores, não foi só uma oportunidade de aprender História, Literatura e Arte, mas principalmente um aprendizado a partir de experiências trocadas, vivenciadas, um aprendizado de vida, enfim. A meu ver, o que realmente importa para o ser humano é sua memória afetiva, o registro daquilo que tem um real significado, que vai perdurar ao longo de sua vida e vai emergir como um valor, como uma habilidade, como um aprendizado que pode ajudá-lo a direcionar sua vida  em algum momento. Acredito que a Tertúlia tenha realizado brilhantemente esse papel, influenciando não só em decisões de carreiras para vários de nossos alunos como no aperfeiçoamento das relações humanas.
As fotografias são registros capazes de contar para as gerações futuras o que marcou este evento cultural no CMPA.
Alguns exemplos:

As meninas bordando a  primeira Bandeira da República: 
quadro de Pedro Bruno

Lord  Byron

Goethe

A liberdade guiando ao povo: Delacroix

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