MARIA IZABEL DA SILVEIRA - Professora de Português e
Literatura CMPA
Ao ler alguns depoimentos e ver as fotos postadas no blog,
revivi vários momentos bonitos das Tertúlias Românticas realizadas em nosso
colégio. Senti muitas saudades também... Uma iniciativa brilhante da
professora Helena Friedrich, de Literatura do 2º ano, em 1999, que,
com a parceria da professora Eva Alves, de História, resultou em um belo
trabalho que perdurou por 10 anos. Eu era professora de
Literatura do 1º ano na época e somente em 2002 e 2003 participei mais
efetivamente quando passei a dar aulas na cadeira de Português do 2º ano.
Apesar de exigir um planejamento acurado e de muitas horas de dedicação,
geralmente fora do nosso horário normal de trabalho, posso dizer que foi uma
das atividades mais gratificantes que já tive oportunidade de realizar nesse
colégio. Foi um exemplo de trabalho de equipe entre professores e alunos
principalmente, embora houvesse colaboração de professores de teatro e de dança
convidados para auxiliarem tecnicamente.
Além de fazer parte da memória
histórico-cultural de nossa instituição, a Tertúlia foi antes de tudo a
representação perfeita de uma aprendizagem integrada e interdisciplinar que
mobilizava não só conhecimentos de História e de Literatura, mas também de Arte
e de habilidades específicas de cada um dos participantes, tanto alunos como
professores. Cada um procurava participar na atividade em que poderia expressar
melhor suas habilidades. Assim os alunos se integravam em atividades como
dramatização, declamação, dança e até na construção de cenários, por exemplo. A
ex-aluna Bianca Horn representava bem essa habilidade: como exímia desenhista,
planejou, desenhou e coordenou a pintura
dos cenários para a dramatização de “O Continente 1” de “O tempo e o
vento” em 2002. Era tudo um tanto
improvisado. Colocávamos os materiais no piso do salão para podermos desenhar e
pintar. Vários alunos que, por timidez ou por falta de habilidades artísticas
de teatro, não desejavam participar das apresentações para o público, ajudaram
a desenhar e a pintar os cenários. De uma forma ou de outra todos participavam.
A cada ano, um tema básico era
escolhido, resultando em apresentações diversificadas e enriquecedoras, sempre
diferentes e atrativas. Obras românticas
eram selecionadas e faziam-se roteiros das cenas fundamentais para a
apresentação. Lembro de ter ensaiado os alunos para “O Guarani”, “Lucíola” e “
A dama das camélias”, entre outras. Havia representações de saraus, com
apresentações de canto, música de piano e/ou violão, declamações, culminando
com a esperada valsa. Era uma oportunidade ímpar para os alunos não só
conhecerem teoricamente a obra literária do século XIX, mas principalmente por
terem a vivência de um momento de nossa história, sentindo-se identificados por
alguns momentos com aqueles personagens, com suas roupagens, cenários e linguagem
tão diferentes dos atuais.
Há muitos momentos das Tertúlias que
ficaram em minha memória, mas alguns destacam-se mais, como “O Navio Negreiro”
apresentado por alunos formando um navio, o quadro vivo de “ A Liberdade
conduzindo o povo” ( lindo!), as meninas bordando a primeira bandeira do Brasil
sentadas nas escadas do palco, Lord Byron declamando (em mais de uma Tertúlia).
A cada ano, a Tertúlia trazia novidades e mobilizava nossas emoções. Quero
registrar que, antes de tudo, o que deve ter ficado para os alunos que dela
participaram, assim como para nós, professores, não foi só uma oportunidade de
aprender História, Literatura e Arte, mas principalmente um aprendizado a
partir de experiências trocadas, vivenciadas, um aprendizado de vida, enfim. A
meu ver, o que realmente importa para o ser humano é sua memória afetiva, o
registro daquilo que tem um real significado, que vai perdurar ao longo de sua
vida e vai emergir como um valor, como uma habilidade, como um aprendizado que pode
ajudá-lo a direcionar sua vida em algum
momento. Acredito que a Tertúlia tenha realizado brilhantemente esse papel,
influenciando não só em decisões de carreiras para vários de nossos alunos como
no aperfeiçoamento das relações humanas.
As fotografias são registros capazes
de contar para as gerações futuras o que marcou este evento cultural no CMPA.
Alguns exemplos:
As meninas bordando a
primeira Bandeira da República:
quadro de Pedro Bruno
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Lord Byron
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Goethe |
A liberdade guiando ao povo: Delacroix
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