IONE VINHAIS - Professora de Literatura CMPA
Lembro com carinho das muitas manhãs e tardes que passávamos
envolvidos com a elaboração de textos, pesquisa de indumentárias e de cenários,
declamações, cantos, danças, representações teatrais. As discussões, o “eterno”
refazer de quadros, o grupo de apoio, tudo na busca da representação da
sociedade do século XIX, entrecruzando os conhecimentos literários, históricos,
artísticos e culturais.
OFICINA DE CONFECÇÃO DE MÁSCARAS
PESQUISA DE INDUMENTÁRIA
O projeto Tertúlia Romântica apresentava uma proposta de
pesquisa sobre o conhecimento, portanto professores e alunos envolviam-se na
recomposição do século XIX contrastando com as características de vida dos
séculos XX e XXI. Esta atividade transcorria nos períodos das disciplinas de
Literatura e de História do horário de 2º. ano do Ensino Médio sempre visando a
abordagem do conteúdo.
O projeto sempre se desenvolveu através do trabalho
conjunto entre os professores de História, Literatura e Artes, sendo que as
oficinas eram ministradas por profissionais que compunham o apoio técnico. A
participação dos alunos “tertulianos” sempre foi fundamental para a existência
do estudo, pois sem o comprometimento dos mesmos seria impossível a sua realização,
haja vista que todos os alunos do segundo ano (entre 150 e 170) deveriam
participar.
Os períodos romântico e realista do século XIX tinham
seus textos lidos e interpretados relacionados ao contexto histórico de sua
produção, destacando-se entre outros, a vinda da família real para o Brasil,
início da atividade editorial, proclamação da independência do Brasil, as
revoltas populares, a luta pelo fim da escravidão e, na Europa, a primeira
revolução industrial, a revolução francesa, as mudanças trazidas para a ciência
pela teoria da evolução.
O índio era representado de acordo com a sua
representação nas obras literárias, mas, ao mesmo tempo, discutia-se o processo
de aculturação e proporcionava-se o contato com o indígena atual que trabalha
nas ruas de Porto Alegre.
Lembro do surgimento do tema de uma das Tertúlias, em uma
aula de literatura, líamos e interpretávamos o Canto do Piaga, de
Gonçalves Dias, os alunos perceberam as diferenças dos valores culturais
indígenas e elaboraram textos sobre “o canto dos jovens”, dando origens ao
estudo sob o título de “brasileirinhos”.
Assim, “viajando” no século XIX, construíam-se conhecimentos
sobre: a identidade nacional, a individualização do sonho, o caráter
contestador e revolucionário da história, a dimensão lendário-mítica, o
desenvolvimento da urbanidade, a discriminação social, a exploração da
existência mais íntima da humanidade.
Essas lembranças trazem saudade de uma prática escolar que
priorizava as relações humanas e sociais no processo ensino-aprendizagem, sendo
este blog uma oportunidade de registro da importância desta vivência para nós
professores e para muitos alunos que a experimentaram.
NO TEATRO
NO TEATRO
NA DANÇA:
NA DECLAMAÇÃO:
“TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”.
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