Memórias da Tertúlia Romântica (1999-2008)

Memórias da Tertúlia Romântica

(1999-2008)

Este blog foi criado com o objetivo de resgatar a memória dos participantes da Tertúlia Romântica no CMPA nos anos entre 1999 e 2008. Refazer caminhos, narrar episódios e conhecimentos dessas vivências nos ajudará a descrever o que significou e ainda significa na vida de vocês, ex-alunos, essa prática interdisciplinar.

Caros ex-alunos e professores, este espaço é seu: publique aqui sua experiência nessa prática educativa, enviando comentários, vídeos, audios e fotos de sua participação.

Clique AQUI para abrir uma sugestão de roteiro para o seu depoimento.

19 julho, 2012

Depoimento da Professora Coordenadora do Projeto Tertúlia Romântica: Eva Esperança Guterres Alves


EVA ESPERANÇA GUTERRES ALVES – Professora de História CMPA
Compor a memória coletiva da prática escolar Tertúlia Romântica, projeto interdisciplinar desenvolvido por dez anos com os alunos da segunda série do Ensino Médio do Colégio Militar de Porto Alegre, apresenta-se para a professora envolvida na atividade não como mera referência ilustrativa na sua atuação como profissional, mas sim como uma reflexão quanto ao compromisso da atuação docente.
As representações e apresentações desde o primeiro sarau em 1999 ao ano de 2008, quando, nos 100 anos da morte de Machado de Assis, a obra literária do “bruxo do Cosme Velho” foi o foco temático, foram  manifestações do conhecimento produzido pela autoria de alunos que vivenciaram, embora em uma escola tradicional, uma prática interdisciplinar alternativa como sujeitos do processo ensino-aprendizagem.
Lembro que Clio uniu-se à Calíope, a musa da poesia épica, outra das filhas de Mnémosine, justamente aquela que inspirou Camões, de acordo com o que está no início do Canto III de Os Lusíadas. Essa metáfora remete à prática interdisciplinar: nós, professores de História e de Literatura da série, buscávamos práticas e fundamentos que, por meio de novas táticas e estratégias, produzissem uma nova cultura dos saberes pedagógicos, saberes esses integrados por professores e alunos na viva dialética do cotidiano da sala de aula e na concretude do currículo escolar.
Cabe apontar que a maneira de fazer e o proposto nos objetivos do projeto permitiu uma inversão das perspectivas, um deslocamento ao aprender a aprender, a terceira margem, desafio que aceito e alcançado se traduziu em habilidades e competências, requisitos tão caros à cidadania. As porosas fronteiras entre a História e a Literatura foram atravessadas com os conteúdos curriculares das diferentes disciplinas, mas com uma produção de sentidos que desencadeou sentimentos e afetos que se expressavam nas apresentações no palco do Salão Brasil, ansiosamente preparadas pelos alunos e aguardadas pela comunidade escolar.
O projeto Tertúlia Romântica se constituiu cultura escolar pelo significado atribuído a essa prática pelos que nela se envolveram, conforme se depreende dos depoimentos postados no blog memoriatertuliana.cmpa.blogspot e de tantas outras manifestações de diferentes fontes e suportes de que tenho registro.
Como docente de uma escola tradicional, vinculada a uma Instituição que tem nos seus fundamentos a meritocracia, procuramos espaços mais colaborativos e cooperativos para a construção de novos conhecimentos e de inclusão de todos os alunos nas suas múltiplas realidades. Nessa construção, o aluno pode se ver refletido tanto na assimilação de novos conhecimentos como na produção das performances e das paisagens de representações que compõem o repertório de dez anos de Tertúlia. A atividade artístico-cultural, uma das etapas do projeto, traduzia-se como culminância dos estudos da História e da Literatura do Séc.XIX, uma transposição dos conhecimentos e expressão de verossimilhança numa interpretação com as marcas das sensibilidades dos atores/alunos.
As habilidades e competências desenvolvidas com essa prática, nas suas diferentes linguagens, ajudaram os jovens a perderem a timidez e a desenvolverem a autoconfiança, a integrarem atividades em grupo, a se interessarem mais por textos e autores, a desenvolverem a capacidade de produção textual e a iniciação à pesquisa, a trabalharem a percepção dos direitos da cidadania, estimulando a imaginação e a organização do pensamento por vias não tradicionais. Assim, entender e estimular o trabalho artístico-cultural torna a escola em um espaço vivo, produtor de novos conhecimentos e propício a revelações inéditas de capacidades, o que aponta para uma transformação pessoal, a de conceber e olhar o mundo e a si mesmo de modos diferentes.
Como professora e coordenadora do projeto, considero que aquele fazer pedagógico do processo educacional deve acompanhar os que neles se envolveram até hoje, o que, de fato, se constata no blog pelos seus depoimentos postados.        Considero que aquela atividade, agora apurada em um retrospecto, teve forte relevância na vida de inúmeras pessoas. Sinto–me honrada por essa trajetória e por ter tido como pares colegas/professores e alunos comprometidos na busca de novos conhecimentos.
Atualmente, já aposentada, sou pesquisadora da cultura afro-brasileira. Aproveito o ensejo deste espaço para cumprimentar a professora Marta por sua pesquisa de resgate do trabalho sobre essa prática interdisciplinar da Tertúlia e da memória coletiva de alunos. 

A Tertúlia do ano de 2008 teve como foco os Cem Anos de Machado de Assis. Apresento uma amostra do evento artístico, o ato nº1: o Encontro entre o menino e o bruxo, uma adaptação do livro O Menino e o Bruxo de Moacir Scliar. No palco do Salão Brasil ambientado em uma sala do sobrado do Cosme Velho, decorada com os títulos da obra machadiana, ocorre o encontro. Foram atores o aluno Peres como Machado (adulto), a aluna Renata Schindel, como o menino e narrador o aluno Leffa, todos da turma 202.
Na ocasião, solicitei à aluna Renata Schindel que escrevesse sobre a experiência de adaptar um texto, cabe aqui reproduzir o seu registro.


1999 - Sarau
Dialogo de Machado adulto (aluno Peres) e da aluna
 Renata Schindel como Machado menino



Enviado por araujo49 em 07/05/2011

 X Tertúlia na íntegra, veja o link: http://www.youtube.com/watch?v=cck3_txaWrw

17 julho, 2012

Depoimento da Professora de História: Silvana Schuler Pineda


SILVANA SCHULER PINEDA - Professora de História do CMPA
As minhas memórias sobre a Tertúlia são repletas de emoção.
Emoções de todo o tipo: saudade, alegria, ansiedade, esperança...
Lembro que assisti à primeira Tertúlia com muita expectativa.
E desde então, em todas que aconteceram, sempre me deslumbrou a maneira como nossos jovens estudantes se revelavam de forma tão diversa naquela construção coletiva pedagógica.
Jovens aparentemente tímidos se mostravam grandes dançarinos, declamadores, atores, poetas, artistas.
A Tertúlia guardava em si a possibilidade de educação das sensibilidades, algo que deveria ser rotineiro na experiência escolar.
Nos anos de 2007 e 2008, como professora de História do segundo ano, participei da criação da Tertúlia, juntamente com Eva e Ione.
Pude vivenciar a construção do projeto, seu alcance e a forma como aquela proposta evidenciava os próprios limites e contradições do projeto pedagógico da escola.
Nem todos os integrantes do CMPA conseguiam entender a complexidade de uma proposta que se propunha coletiva, sensível, que reorganizava as atividades de sala de aula a partir das necessidades que se apresentavam diante da múltipla tarefa de estudar de forma criativa os também múltiplos significados do século XIX.
Oficinas de dança, cultura indígena e tantas outras oportunizavam aprofundar conhecimentos fundamentais, mas pouco trabalhados na organização disciplinar dos saberes escolares.
Encantava-me, também, trazer ao CMPA as famílias dos nossos estudantes para participarem de momentos como aqueles.
Era um momento de aplaudir os filhos, perceber neles outros talentos e a possibilidade de testemunhar seus filhos criando beleza na e através da experiência escolar.
Experiência estética indelével para nossos estudantes...

15 julho, 2012

Depoimento da Professora de Literatura: Ione Vinhais


IONE VINHAIS - Professora de Literatura CMPA
Lembro com carinho das muitas manhãs e tardes que passávamos envolvidos com a elaboração de textos, pesquisa de indumentárias e de cenários, declamações, cantos, danças, representações teatrais. As discussões, o “eterno” refazer de quadros, o grupo de apoio, tudo na busca da representação da sociedade do século XIX, entrecruzando os conhecimentos literários, históricos, artísticos e culturais.
OFICINA DE CONFECÇÃO DE MÁSCARAS



















PESQUISA DE INDUMENTÁRIA
O projeto Tertúlia Romântica apresentava uma proposta de pesquisa sobre o conhecimento, portanto professores e alunos envolviam-se na recomposição do século XIX contrastando com as características de vida dos séculos XX e XXI. Esta atividade transcorria nos períodos das disciplinas de Literatura e de História do horário de 2º. ano do Ensino Médio sempre visando a abordagem do conteúdo.
O projeto sempre se desenvolveu através do trabalho conjunto entre os professores de História, Literatura e Artes, sendo que as oficinas eram ministradas por profissionais que compunham o apoio técnico. A participação dos alunos “tertulianos” sempre foi fundamental para a existência do estudo, pois sem o comprometimento dos mesmos seria impossível a sua realização, haja vista que todos os alunos do segundo ano (entre 150 e 170) deveriam participar.
Os períodos romântico e realista do século XIX tinham seus textos lidos e interpretados relacionados ao contexto histórico de sua produção, destacando-se entre outros, a vinda da família real para o Brasil, início da atividade editorial, proclamação da independência do Brasil, as revoltas populares, a luta pelo fim da escravidão e, na Europa, a primeira revolução industrial, a revolução francesa, as mudanças trazidas para a ciência pela teoria da evolução.
O índio era representado de acordo com a sua representação nas obras literárias, mas, ao mesmo tempo, discutia-se o processo de aculturação e proporcionava-se o contato com o indígena atual que trabalha nas ruas de Porto Alegre.




















Lembro do surgimento do tema de uma das Tertúlias, em uma aula de literatura, líamos e interpretávamos o Canto do Piaga, de Gonçalves Dias, os alunos perceberam as diferenças dos valores culturais indígenas e elaboraram textos sobre “o canto dos jovens”, dando origens ao estudo sob o título de “brasileirinhos”.
Assim, “viajando” no século XIX, construíam-se conhecimentos sobre: a identidade nacional, a individualização do sonho, o caráter contestador e revolucionário da história, a dimensão lendário-mítica, o desenvolvimento da urbanidade, a discriminação social, a exploração da existência mais íntima da humanidade.
Essas lembranças trazem saudade de uma prática escolar que priorizava as relações humanas e sociais no processo ensino-aprendizagem, sendo este blog uma oportunidade de registro da importância desta vivência para nós professores e para muitos alunos que a experimentaram.

NO TEATRO

  
NA DANÇA:




NA DECLAMAÇÃO:



“TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”.
Fernando Pessoa







14 julho, 2012

Depoimento da Professora de História: Patrícia Rodrigues Augusto Carra


PATRÍCIA RODRIGUES AUGUSTO CARRA - Professora de História CMPA
Participei da Tertúlia do ano de 2004. Neste ano estivemos envolvidas eu, a professora Eva (idealizadora, criadora do projeto) e a professora Helena. Também tivemos a contribuição de uma professora de teatro (excelente), Miriam Benigna.
Era um projeto onde alunos e professores se envolviam ao máximo. Quando a Tertúlia era apresentada a gente nem acreditava que toda aquela construção que, por vezes, parecia confusa se encaixava e tudo era tão belo.
Alunos e alunas revelando talentos, demonstrando um pouco do muito que durante processo de escolha dos quadros, dos textos e dos figurinos; que durante ensaios e construção de cenários apareceu.
Quando uso o termo “confusa” não estou usando de forma pejorativa. Uso por falta de outra palavra para adjetivar o processo criativo, de trocas, de experimentações e descobertas que a um primeiro olhar parece barulhento e, por vezes, revela stress.
Quando digo que a apresentação revelava apenas uma parte de toda construção não exagero. A apresentação revelava apenas a ponta do iceberg. No palco não aparecia a turma da produção e do apoio. As cenas das inúmeras discussões sobre temas relacionados ao humano e do fazer em grupo. Também não eram retratados os momentos do ensinar e aprender entre pares, do espanto discente em se flagrar ensinando professoras e das surpresas reveladas nos talentos escondidos/ não sabidos de alunos e alunas.
A Tertúlia era algo que os estudantes curtiam, brigavam por terem de fazer, reclamavam, organizam-se para fazer o melhor, apresentavam soluções impensáveis e perfeitamente cabíveis, eram desafiados, criavam. Isso tudo junto e misturado.
Era também uma espécie de rito. Todo segundo ano tinha a sua Tertúlia e depois dela os assuntos que passavam a ocupar o mundo eram os concursos para as Forças Armadas e a preparação para o vestibular. A Tertúlia era a possibilidade da fantasia, do aprender em um movimento diferente do habitual e, talvez, por isso, tão revelador e tão aparentemente confuso.

10 julho, 2012

Depoimento da Professora de Literatura: Maria Izabel da Silveira


MARIA IZABEL DA SILVEIRA - Professora de Português e Literatura CMPA
Ao ler alguns depoimentos e ver as fotos postadas no blog, revivi vários momentos bonitos das Tertúlias Românticas realizadas em nosso colégio. Senti muitas saudades também... Uma iniciativa brilhante da professora  Helena Friedrich,  de Literatura do 2º ano, em 1999, que, com a parceria da professora Eva Alves, de História, resultou em um belo trabalho que perdurou por 10 anos.  Eu era professora de Literatura do 1º ano na época e somente em 2002 e 2003 participei mais efetivamente quando passei a dar aulas na cadeira de Português do 2º ano. Apesar de exigir um planejamento acurado e de muitas horas de dedicação, geralmente fora do nosso horário normal de trabalho, posso dizer que foi uma das atividades mais gratificantes que já tive oportunidade de realizar nesse colégio. Foi um exemplo de trabalho de equipe entre professores e alunos principalmente, embora houvesse colaboração de professores de teatro e de dança convidados para auxiliarem tecnicamente.
Além de fazer parte da memória histórico-cultural de nossa instituição, a Tertúlia foi antes de tudo a representação perfeita de uma aprendizagem integrada e interdisciplinar que mobilizava não só conhecimentos de História e de Literatura, mas também de Arte e de habilidades específicas de cada um dos participantes, tanto alunos como professores. Cada um procurava participar na atividade em que poderia expressar melhor suas habilidades. Assim os alunos se integravam em atividades como dramatização, declamação, dança e até na construção de cenários, por exemplo. A ex-aluna Bianca Horn representava bem essa habilidade: como exímia desenhista, planejou, desenhou e  coordenou a pintura dos cenários para a dramatização de “O Continente 1” de “O tempo e o vento”  em 2002. Era tudo um tanto improvisado. Colocávamos os materiais no piso do salão para podermos desenhar e pintar. Vários alunos que, por timidez ou por falta de habilidades artísticas de teatro, não desejavam participar das apresentações para o público, ajudaram a desenhar e a pintar os cenários. De uma forma ou de outra todos participavam.
A cada ano, um tema básico era escolhido, resultando em apresentações diversificadas e enriquecedoras, sempre diferentes e atrativas.  Obras românticas eram selecionadas e faziam-se roteiros das cenas fundamentais para a apresentação. Lembro de ter ensaiado os alunos para “O Guarani”, “Lucíola” e “ A dama das camélias”, entre outras. Havia representações de saraus, com apresentações de canto, música de piano e/ou violão, declamações, culminando com a esperada valsa. Era uma oportunidade ímpar para os alunos não só conhecerem teoricamente a obra literária do século XIX, mas principalmente por terem a vivência de um momento de nossa história, sentindo-se identificados por alguns momentos com aqueles personagens, com suas roupagens, cenários e linguagem tão diferentes dos atuais.
Há muitos momentos das Tertúlias que ficaram em minha memória, mas alguns destacam-se mais, como “O Navio Negreiro” apresentado por alunos formando um navio, o quadro vivo de “ A Liberdade conduzindo o povo” ( lindo!), as meninas bordando a primeira bandeira do Brasil sentadas nas escadas do palco, Lord Byron declamando (em mais de uma Tertúlia). A cada ano, a Tertúlia trazia novidades e mobilizava nossas emoções. Quero registrar que, antes de tudo, o que deve ter ficado para os alunos que dela participaram, assim como para nós, professores, não foi só uma oportunidade de aprender História, Literatura e Arte, mas principalmente um aprendizado a partir de experiências trocadas, vivenciadas, um aprendizado de vida, enfim. A meu ver, o que realmente importa para o ser humano é sua memória afetiva, o registro daquilo que tem um real significado, que vai perdurar ao longo de sua vida e vai emergir como um valor, como uma habilidade, como um aprendizado que pode ajudá-lo a direcionar sua vida  em algum momento. Acredito que a Tertúlia tenha realizado brilhantemente esse papel, influenciando não só em decisões de carreiras para vários de nossos alunos como no aperfeiçoamento das relações humanas.
As fotografias são registros capazes de contar para as gerações futuras o que marcou este evento cultural no CMPA.
Alguns exemplos:

As meninas bordando a  primeira Bandeira da República: 
quadro de Pedro Bruno

Lord  Byron

Goethe

A liberdade guiando ao povo: Delacroix

09 julho, 2012

Depoimento da Professora de Literatura: Rosa Morsch

ROSA MORSCH - Professora de Literatura CMPA
Entre as experiências que vivenciei nas salas de aula do CMPA, no 2º ano do Ensino Médio, a mais significativa foi, sem dúvida, a realização de a Tertúlia Romântica. Essa atividade oportunizou extrapolar os conteúdos teóricos, vivenciando no presente a realidade ficcional das obras literárias do Século XIX e oportunizando a expressão criativa de nossos alunos.
Sabemos que o distanciamento histórico dos autores desse período faz com que os alunos  sintam-se pouco atraídos pela  leitura dessas obras, não só pela linguagem com que se expressam aqueles escritores, mas também porque falta ao jovem estudante a maturidade necessária para se reportar ao passado e ver  aquela realidade sob um outro olhar: crítico  e contextualizado.
Ao solicitarmos a representação cênica dessas obras, associada ao contexto histórico-social, o aluno foi conduzidos a pesquisar aspectos relacionados não só à Literatura, mas ainda à História, à Geografia e à Arte, entre outras. Isso lhes oportunizou, além do enriquecimento cultural, a satisfação e o prazer da aprendizagem ativa e participante.
Em nenhum outro momento realizou-se, nas salas do CMPA, um trabalho com tanto envolvimento, entusiasmo e participação efetiva  de todos os alunos de uma série junto com seus professores, concretizando  o que tanto se apregoa sobre a educação e  seus objetivos: a interdisciplinariedade.

04 julho, 2012

Depoimento da Professora de Literatura: Helena Friedrich


HELENA FRIEDRICH - Professora de Literatura CMPA
Eu era a professora de Literatura dos segundos anos em 1999..  No primeiro semestre, trabalhando o Romantismo, chamou-me a atenção, numa turma, um grupo de meninas que sentia muito prazer em declamar os poemas de Gonçalves Dias, Álvares Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Convidei-as, então, a declamar para as outras turmas, reunindo duas ou três turmas no Salão Brasil. A receptividade foi tão boa, o interesse foi tão grande, que acabei juntando todas as turmas de segundo ano, e, após, convidando a professora Eva para unir-se a nós, num trabalho interdisciplinar de Literatura e História. Assim nasceu o" primeiro Sarau"  já no  próximo ano, o evento recebeu o nome de Tertúlia Romântica. O seguimento todos conhecem.
Creio que seria repetitivo escrever aqui os objetivos de um  trabalho desse tipo e os comportamentos dos alunos que a Profª Eva e eu sentimos que poderíamos alcançar com as tarefas, desde a preparação e ensaios até a apresentação final.
A Tertúlia consistiu numa alternativa inovadora de produção cultural no cotidiano escolar.  Nossos alunos estavam estudando História e Literatura, entrando em contato com fatos históricos e com obras importantes da nossa tradição literária, e ler, selecionar, escrever, representar, interpretar esses fatos e essas obras em vez de simplesmente estudá-las parecia-nos não apenas alternativa inovadora mas também mais atraente, oferecendo possibilidades de grande sucesso na aprendizagem.
Hoje, lendo os depoimentos de nossos ex-alunos, posso concluir que, realmente, essa aprendizagem foi alcançada e bastante valorizada.

03 julho, 2012

Silvia de Andrade Neves Dias Brites


Ex-aluna Silvia, número 4173682.
Através da Tertúlia de 2007, fiquei conhecida entre muitos como a "menina do vestido azul", já que eu não saia do palco um segundo sequer, utilizando o mesmo traje em várias participações das quais nunca esquecerei (em ordem): cantar na abertura do evento com meus colegas; a malvada Corina; a doce Ceci encenando em dois blocos (um, com seu par romântico, Peri; outro, com outras mulheres do Romantismo); e dançar a valsa romântica. Foram tipos de participações que já estavam presentes na minha vida, pois era integrante do Coral e da Oficina de Teatro, mas tiveram sua singularidade neste evento. Foi engraçado, pois o público ficou confuso em relação ao tipo de personagem realizado, ainda mais que não tive tempo para trocar de roupa, já que minhas cenas foram seguidas: Afinal, Silvia, além de cantora e dançarina, tu era a vilã ou a mocinha?. E eu respondia, em risos, Tudo.
Para ser sincera, tanto o personagem da perversa Corina quanto o da meiga Ceci foram importantes pra mim, e não tive preferência, pois cada uma representava uma personalidade, e foi um prazer interpretar uma vilã e uma mocinha. No entanto, percebi que, para o público, a Corina foi mais marcante. Algumas pessoas que eu nem conhecia, ou com quem pouco falava me chamaram de ruim, dizendo que eu deveria ter sido castigada. Essa personagem estava inserida no cenário da construção da Igreja Nossa Senhora das Dores.
A maldosa mulher aproveitou-se de um amigo, Rafael, o qual estava perdidamente apaixonado por ela. Assim, em certa ocasião, Corina fez um pedido que não seria fácil de ser atendido:
Rafael, se tu me amas, traga-me o colar que está na imagem de Nossa Senhora das Dores?
O amigo, primeiramente, disse que poderia dar a ela outro colar, um que ela pudesse utilizar, porque esse pedido era inviável. Porém, a vilã insiste:
Nada é impossível nessa vida, ainda mais se o amor entra como causa. Faze a vontade à tua amada, faze! Eu me apaixonei por ti e pelo colar.
E, assim, Rafael rouba o colar e quem recebe a culpa foi o pedreiro José (interpretado pelo aluno Douglas Flores), que foi enforcado injustamente.
A cena termina com o sorriso cínico e maléfico de Corina enquanto esta caminhava pelo espaço e segurava o colar em seus dedos de maneira a exibi-lo.
Tenho ótimas recordações do CMPA e da Tertúlia. Através daquela, me aproximei de pessoas com as quais tinha pouco contato fiz novas amizades que até hoje perduram. Foi marcante pra mim não só nesse sentido, como também no de proporcionar subsídios para a própria arte. A meu ver, os ensaios foram mais significativos, pois era necessária toda uma construção do evento, com muitas tentativas, altos e baixos, brincadeiras, erros, risos e um pouco de estresse. Uma mescla de aspectos que, no fim, foram essenciais para o rendimento e o ótimo efeito final, a apresentação.
Atualmente sou acadêmica de Psicologia na UFRGS, e me encontro no 5° semestre. Sou apaixonada pelo curso, e não teria espaço pra descrever tudo a respeito. Enfim, toda bagagem que tenho do CMPA e da Tertúlia continuam a ser importantes pra mim, e tem um grande diferencial em diversas perspectivas. Levo todas as lembranças desse período com muito carinho e agradeço por tudo que lá vivenciei.




30 junho, 2012

Rodrigo


Rodrigo Ruperti  Esteves - Aluno 8053233
Participei da Tertúlia Romântica no ano de 2003 no CMPA. Minha apresentação consistia em ser figurante, dancei valsa na cena do” Sarau na obra Senhora” (José de Alencar). Sempre gostei da arte em todos os aspectos e as melhores lembranças que guardo do colégio estão relacionadas a Hora da Arte e a própria Tertúlia.
Este evento retratando a cultura e os costumes do século XIX acabou por envolver a todos, facilitou meu aprendizado com as leituras dos clássicos da literatura e da história  e foi parte importante para nosso crescimento pessoal, intelectual e profissional.
Lembro que fiquei surpreso com o talento de alguns colegas que se destacaram na Tertúlia seja cantando, dançando ou interpretando, lembro também que fiquei nervoso a respeito da valsa em si, antes de começarem os ensaios eu pensava ter nascido com dois pés esquerdos  de tanto que me atrapalhava  mas ao final acabou saindo tudo certo.
Enfim, foi uma experiência única e definitivamente marcante em minha passagem pelo velho casarão.
Atualmente sou bancário e curso Administração

28 junho, 2012

Maria Cristina

Maria Cristina Ramos Pastor

Participei da primeira edição Tertúlia Romântica em 1999 no CMPA. A atividade foi um Sarau, uma grande iniciativa das professoras em unir a Literatura e a História do Brasil de maneira interdisciplinar.
Foi um dia cheio de apresentações e atividades diversas como teatro, poesia, música e culinária, degustação de quitutes que remetia ao século XIX, período o qual estávamos estudando.
Lembro de um fato muito engraçado que aconteceu na manhã daquele dia, ali no meio da apresentação, chegou um colega vestido de índio forte apache! Sim, era para ser um índio brasileiro e chegou um índio americano! A professora Eva chamou atenção da vestimenta dele e entre nós colegas, fez nos divertir e provocar muitas risadas! Aprendemos muito sobre a nossa cultura nesse dia, hábitos, costumes e tradição.
Me formei em Publicidade e Propaganda e hoje sou produtora de eventos.

24 junho, 2012

Lucas Piloti Menegon


Ex aluno 2052063 Lucas Piloti Menegon
No ano de 2007 tive a oportunidade de participar da Tertúlia Romântica do Colégio Militar de Porto Alegre. Naquela época eu estava cursando o segundo ano daquele estabelecimento de ensino e estava focando meus estudos para o concurso para a EsPCEx que prestaria no final do ano. No entanto, sempre gostei muito de interpretar e resolvi me envolver com a apresentação. Meu gosto pelo teatro acabou me colocando em muitas atividades durante a Tertúlia, participei da apresentação de valsa, fiz a leitura de um texto na parte final e, também o papel principal na peça “Judas em Sábado de Aleluia”.
Lembro bem de todos os ensaios durante os meses que precederam a apresentação, foi difícil conciliar todas as atividades, mas buscava me empenhar em tudo, no fim era cansativo mas muito divertido também, eram  atividades  integradas  de  História e  Literatura que nos tirava um pouco da rotina dos bancos escolares.
O que mais me marcou, com certeza, foi a peça “O Judas em sábado de Aleluia”, pois interpretei Faustino, um funcionário público que se mostrava apaixonado por um lado, mas mulherengo por outro e que se envolveu em alguns tramas para conseguir encontrar o amor. Faustino até de Judas se fantasiou para tentar salvar sua pele.
Estava ali de fronte a loja do barbeiro, esperando que teu pai saísse para poder ver-te, falar-te, adorar-te!” (Minha primeira fala durante a peça, se bem me lembro)
Esta peça foi o ponto alto da minha Tertúlia e nossa aceitação foi tão grande que conseguimos nos apresentar na Feira do Livro de Porto Alegre naquele mesmo ano e devido aquela apresentação também fui convidado para fazer uma peça em comemoração ao aniversário da AACV no final do ano.
A tertúlia do CM só me traz boas lembranças de bons e saudosos tempos de Colégio Militar. Foi um momento de muito trabalho, mas com certeza  muito proveitoso, pois nos ajudou a desenvolver nossa desenvoltura oral, a perder o medo do palco, nos trouxe confiança e aumentou ainda mais a união da nossa turma aquele ano.
Atualmente sou cadete do terceiro ano da Academia Militar das Agulhas Negras, da arma de Cavalaria, sou muito grato por tudo que aprendi no Colégio Militar e com a Tertúlia Romântica, só tenho boas lembranças das atividades, das brincadeiras e de todos os amigos que lá fiz e me acompanham até hoje.



Aluno Bruno Etchichury Neves

Aluno Bruno - número 3316
Meu grupo fez a prática da Tertúlia Romântica em 2000, com a professora Eva sendo nossa orientadora.
Tudo que é novidade motiva ao aluno e foi com este espírito revigorado que meu grupo encarou a atividade. O evento foi um sucesso pelos temas abordados e principalmente pelo envolvimento de meus colegas.
Meu grupo encenou a "Noite na Taberna". Recordo que montamos tudo, desde o figurino até o roteiro da encenação, também, todos os integrantes do grupo tinham um papel importante fazendo com que todos participassem e principalmente se inteirassem ao assunto.
Sinceramente  nunca fui um aluno adepto às leituras, lia somente porque tinha que ler ; mas o fato de você encarnar o personagem e vivenciar a história com os amigos foram primordiais para despertar o interesse pela leitura naquele momento.
Hoje, como professor, na mesma Instituição que me formei no 2º grau CMPA  procuro inovar a todo momento minhas aulas ,fazendo com que o aluno se interesse e participe com vontade das aulas práticas, exatamente o que aconteceu em 2000.
Aprendi na Tertúlia Romântica que se o professor conseguir motivar o aluno com atividades prazerosas e interessante  os resultados poderão  ser surpreendentes.

15 junho, 2012

Carolina Borques

Aluna Borques 3506, participação 2004.
A minha personagem na Tertúlia admito que não lembro o nome, mas o que ficou dela pra mim reflete muito o que Érico Veríssimo pensou no criá-la, ela não participa da história do continente ativamente e apenas tem o seu depoimento em algum dos muitos capítulos "Sobrado". Eu fazia um monólogo, em que eu era uma senhora de mais idade que tinha perdido muita gente na guerra.A cena era uma senhora conversando e mateando com um visitante, contando pra ele o que se perdeu na guerra, lembro que o tempo era contado com as folhas do pessegueiro que ja haviam caido 2 ou 3 vezes desde que havia começado a guerra. Foi algo bastante marcante ter que parar pra pensar como as mulheres gaúchas, como um todo, foram fortes, como foram capazes de perder seus homens em guerra e seguir a diante, como foram obrigadas a se tornarem matriarcas e dominar suas casas. Essa personagem me motivou de alguma forma a ter um orgulho de ser uma mulher gaúcha por ter na minha história mulheres fortes que superaram as piores coisas.
Lembro que extraclasse havia oficina de teatro, passei o texto muitas vezes até achar o tom certo de quem deveria ser minha senhora. O professor me fez lembrar que ela era uma mulher sozinha que perdera marido e filho na guerra. Foi infinitamente mais fácil perceber o quão triste e arrastada deveria ser a conversa, perceber o quanto ela gostaria de conversar com alguém por estar tanto tempo sozinha.
No dia da apresentação tava bem nervosa, eu, somente eu no palco, falando, sem um interlocutor que respondesse ou comentasse nada. Foi tenso, representar uma figura tão alegórica, como aquela senhora, que representava tão bem o que era ser uma mulher gaúcha durante a guerra.
A Tertúlia no meu ano homenagiou Erico Veríssimo, leitura obrigatória para o vestibular da UFRGS. A participação no evento me fez ter mais gosto de ler a história do meu estado, me fez ir além da leitura obrigatória, me fez querer saber como acontecia depois de O Continente. Foi a apresentação da personagem que se quer lembro o nome, que me fez ter vontade de não parar em um livro, mas apreciar todo O Tempo e o Vento.
Hoje faço Medicina na mesma universidade que me obrigou a ler O Continente, o ritmo de leituras não acadêmicas diminuiu, mas sempre vou levar comigo o gosto por histórias como as de Érico.

Grasiela do Nascimento Duarte

Grasiela do Nascimento Duarte, ex-aluna número 1679
O retrato de um grupo de mulheres simples que costuravam a bandeira nacional, feito por Pedro Bruno, para ilustrar a formação da pátria brasileira, foi o ponto de partida da Tertúlia Romântica do ano 2000. E o meu desafio foi, junto com as colegas Graciane Borba e Loren Pinto, interpretar uma dessas simpáticas idosas. A caracterização foi orientada passo a passo pelas professoras Eva e Helena, que fizeram essa mágica acontecer. Amparadas em um belo roteiro abrimos a montagem ao som da ópera O Guarani de Carlos Gomes contando a história de Ceci e Peri, personagens do romance O Guarani, de José de Alencar. E não pensem que foi fácil, tivemos que andar bem devagarzinho e ainda fazer uma voz mais cansada. A partir disso, as cortinas do palco do Salão Brasil se abriram para as cenas seguintes em que os demais colegas retrataram a relação conturbada de paixão da moça casta, de família honrada, e do índio que abandonou a sua tribo para servi-la.
Naquele ano, também subi ao palco para interpretar a poesia “Se eu morresse amanhã” de Álvares de Azevedo. O meu figurino foi o terno do meu irmão mais velho Péricles (ex-aluno 1678) e imaginem que colocamos um caixão cenográfico, claro, em pé no palco. E ao final dos versos “A dor no peito emudecera ao menos/ Se eu morresse amanhã!”, eu entrava no caixão e morria.
Na foto estou junto com todos os colegas daquele 2º ano. Gosto muito desta imagem porque demonstra que houve um claro envolvimento de todos, um verdadeiro trabalho em equipe. Apareço bem acima à direita de cabelo preso e camisa social, ao meu lado de fraque e gravata borboleta está o meu irmão Dartanhan do Nascimento Duarte (ex-aluno 1680), que eu tive a honra de ter como colega durante cinco dos seis anos em que estudamos no CMPA.
Com certeza, o estudo histórico para a representação atrelado as noções de interpretação foram especiais e me ajudam até hoje. Sou formada em jornalismo e trabalho como repórter da editoria de Rural do Jornal Correio do Povo. Os fatos históricos são o meu dia a dia e saber compor as histórias também.
Sou muito grata ao CMPA por todas as experiências artísticas, esportivas, educativas e sociais.



11 junho, 2012

Anelise Santos


Aluna ANELISE SANTOS, número 2029.
Minha experiência na Tertúlia Romântica aconteceu no ano de 2002, quando cursava o 2º do Ensino Médio.Me lembro como se fosse hoje quando a professora Eva começou a definir os papéis a serem interpretados no evento. Eu como sempre gostei de teatro fui uma das primeiras a me candidatar, sendo bastante pretensiosa ao pedir o principal papel de uma das esquetes, o da Lucíola do livro de mesmo título de José de Alencar.Foram várias semanas de preparação, com aulas de teatro com um especialista, além de estudar muito o texto para que saísse com naturalidade.Além disso, ainda houve bastante dificuldade para encontrar o figurino adequado. Mesmo com a ajuda da professora Isabel não conseguia achar um vestido de época nas medidas necessárias ou que fosse compatível com a vestimenta da época, até que surpreendentemente um vestido da minha mãe caiu como uma luva como caracterização da personagem.E assim chegou o grande dia. O nervosismo estava a flor da pele, porém ao entrar no palco e ver que tudo estava saindo conforme combinado me senti repleta de felicidade.O sentimento era um misto de orgulho por fazer parte dessa história representando umas das grandes obras da literatura brasileira, misturada com a alegria de colocar em prática um dos meus grandes hobbies, o teatro, o qual por falta de tempo não consegui levar a diante na vida.Atualmente sou publicitária e ao olhar para trás sinto muito orgulho por saber que todas essas experiência ajudaram a constituir meu caráter e também a ter perseverança e determinação em um mercado de trabalho tão tumultuado. Me sinto muito feliz em fazer parte dessa história e de poder reviver, mesmo que por um momento na lembrança, um período tão saudoso e bonito da minha vida. Muito obrigada Colégio Militar pela oportunidade e em especial aos professores que tornaram a Tertúlia Romântica um evento tão prestigiado e especial.

Sou a primeira garota da esquerda para direita.


09 junho, 2012

Douglas Maya Flores

Ex-aluno DOUGLAS Maya FLORES, número 4873744
Considero a Tertúlia Romântica do ano de 2007, da qual eu participei como aluno do 2o ano do EM, um dos eventos mais marcantes da minha passagem pelo Colégio Militar de Porto Alegre. Apareci na Tertúlia, denominada "Os Brasileirinhos", em duas partes: a primeira foi para cantar a música "Tertúlia", do grupo musical Os Serranos, juntamente com mais três colegas; a segunda aparição, que foi a mais marcante, foi como o escravo que tinha a missão de pintar a Igreja Nossa Senhora das Dores e que foi enforcado após uma injusta acusação de roubo. Usei uma roupa branca (que a professora Eva sujou de tinta preta momentos antes da apresentação), uma sandália de couro e umas correntes feitas de cartolina. Além disso, me deram um pequeno pincel para a cena, o qual gerou uma situação um tanto cômica, pois fiquei pintando duas enormes torres da igreja com o "pincelzinho". Brincadeiras a parte, de tanto que ensaiei, lembro-me até hoje da minha principal fala na cena:

"Morro porque sou um escravo, mas sou inocente e a prova disso é que as torres da Igreja da Nossa Senhora das Dores nunca serão terminadas!"

Ao ser convidado a prestar este depoimento, lembrei-me com carinho da professora Ione, da sobrinha dela que auxiliava nos ensaios, dos colegas que contracenaram comigo e dos momentos de ensaio que alternavam brincadeiras e foco na encenação. Teve um pessoal que dançou "maxixe" e tango, danças que eu gostaria de ter aprendido também. Foi uma experiência altamente proveitosa por três principais motivos: o primeiro foi conviver com companheiros de turma com os quais eu nunca havia conversado antes; o segundo foi aprimorar minha capacidade de expressão, uma vez que eu já havia me apresentado em público naquele ano. Foi no dia das mães interpretando o guarda municipal no "Y.M.C.A", música do Village People. Já o terceiro e último motivo é o contato diferenciado parte da matéria escolar, fato que motiva o discente a aprender a medida que desperta a sua curiosidade e o seu envolvimento com a cultura e com a arte.
Atualmente, sou cadete do 3o ano da Academia Militar das Agulhas Negras, da Arma de Artilharia e creio que a Tertúlia me ajudou a ser mais desinibido perante meus superiores e meus subordinados, além de aumentar minha capacidade de expressão e de agir diante de um público relativamente numeroso.






Diego R. C. Mroninski


Diego R. C. Mroninski, Aluno Mroninski - 3895 - Participei em 2001
Comecei participando como figurante, em que entraria mudo e sairia calado da cena, uma única cena e nada mais.
Porém, e sempre temos esses poréns na vida, em um dos primeiros ensaios, me senti chamado para "ser" o Capitão Rodrigo. Lembro que a Professora Eva não gostou muito da idéia pois eu era um aluno mais, digamos assim, extrovertido e ela tinha receio de que eu poderia estragar tudo! Depois de conversarmos e eu me comprometer a fazer o melhor possível, ela aceitou e re-começamos os ensaios!
Cada ensaio era mais divertido que o outro! 
No dia da apresentação lembro que estava frio e chovendo e as minhas roupas era um poucos frias... usava uma bota feita de couro, aquela em que um pedaço de couro era enrolado no pé/perna apenas, ficando os dedos e o calcanhar de fora... algumas falas até hoje me acompanham, como: "Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de plancha, nos grandes dou de talho"!
Lembro das amizades que fiz, das pessoas de outras turmas que conheci! Ali, naquele palco, acabei de conhecendo um pouco mais, aprendendo a me soltar mais, a trabalhar a timidez junto ao público, o medo e a encarar os desafios! Depois disso, atuei como Petrúquio na peça A Megera Domada, uma peça de Shakespeare, em que a colega Alexandra Peccim era a Catarina, minha candidata a esposa!
Tenho excelentes recordações deste tempo, muitos aprendizados e muitas alegrias daquele dia!
Acredito que nunca tenha agradecido a confiança e o carinho da Professora Eva e da Prof. Helena. Professoras: Muito obrigado!!!
Aos colegas, é muito bom saber também que sou lembrado com carinho como o Capitão Rodrigo, personagem eterno na Cultura Gaúcha!
Atualmente sou publicitário.
Capitão Rodrigo em cena...

Camila S. Toledo Pereira

Aluna Camila
Meu personagem na Tertúlia Romântica do CMPA, acredito que no ano 2001, foi a musicista Chiquinha Gonzaga. 
Cantei "Lua Branca" a carater e sob orientação a Prof Eva!
Esse não era nem de longe o estilo de música que eu costumava cantar, mas bastou ouvi-la que me apaixonei!
Não lembro se cantei a capela ou com a acompanhamento mas a preparação me fez querer saber mais da compositora, da arte/música da época. e ao  pesquisar, descobri coisas que nem imaginava!
Me fez refletir a importância  da cultura e da música no  século  XIX..
Vejo hoje, como uma iniciativa de muito bom gosto dos responsáveis pela Tertúlia, e quanto o incentivo ao estudo dessa época nos enriqueceu.
Minha turma ficou com a responsabilidade de coreografar uma apresentação de Maxixe, que teria sido linda e super caracterizada se a Fita Cassete tivesse funcionado!
A graça da apresentação ficou com o pagode improvisado que o pessoal decidiu cantar e batucar para que a turma pudesse fazer sua coreografia sem a música gravada na maldita Fita!
Mas foi muito divertido! E tão marcante que lembramos disso até hoje!
A arte da época explorada pela temática da tertúlia me parece ser matéria marcante,para a construção do conhecimento no Ensino Médio,e por isso o contato me soa extremamente de bom gosto e importante que tenha sido apresentada dessa forma. 
Não imaginava quem era Chiquinha Gonzaga até então... Posteriormente, estudando música vi que eu já tinha me aproximado de uma construção artística importantíssima, que foi esta prática cultural.
Hoje, sou graduada em Comunicação e faço mestrado em Administração.

Ricardo Vargas

Aluno Vargas número 1641 Tertúlia 2001
Atuei na Tertúlia “Mauá o Imperador e o Rei”, lembro do rigor das professoras Eva de História e Isabel de literatura, quando  cobravam as leituras dos textos e adaptação para o teatro sobre   as realizações das obras do  Barão de Mauá no século XIX no Brasil. Além disso, organizávamos   os figurinos para o baile da corte, bem como ensaiávamos   os personagens da época : a figura de Mauá e sua esposa, representada pela colega Paula Rebeca. No baile formávamos oito casais onde dançamos uma  valsa. Minha parceira era a Mariana Morsch.
Foi uma grande recepção que o Barão de Mauá organizou para homenagear sua esposa e conceder-lhe o diadema de baronesa, pois o título de Barão Irineu Evangelista de Souza, já  havia recebido do Imperador. No palco do Salão Brasil, local do evento, os colegas representaram encontros com os diferentes elementos da sociedade da época, os políticos, os representantes do capitalismo inglês e, entre os convidados da corte  estava também, Joaquim Nabuco que encantou a plateia presente, pronunciando seu discurso abolicionista.
Na imprensa os folhetins com a obra “Senhora” de José de Alencar foi encenado por dois colegas, conjuntamente com o toque de um piano com uma música de Carlos Gomes. Houve também na festa, a dramatização do poema Navio Negreiro de Castro Alves declamado pela colega Peccin e, após as homenagens  à baronesa foi encerrado a cerimônia iniciando o baile. Momento este, muito ensaiado e aguardado por todos nós no salão Brasil! Estas representações nos transportavam para o século XIX uma época que para nós alunos era longínqua mas tão próxima ao vivenciar e curtir.

Atualmente sou 1º tenente da Cavalaria.




28 maio, 2012

Ítalo Passuelo Zannette


Ítalo Passuelo Zannette, ex-aluno Passuelo, Turma de 2002.
Participei da Tertúlia em 2001, ao que me lembro, foi interpretada a obra O Tempo e o Vento, especificamente O Continente, de Érico Veríssimo.
Atuei na área dos bastidores (grupo de apoio) movendo cenários nos intervalos entre as apresentações, junto com o colega Ariel Copetti.
O que realmente marcou no evento foi o esforço conjunto da turma para compor as apresentações. Enquanto a Hora da Arte possibilitava a cada aluno ou grupo de alunos criar independentemente, a Tertúlia teve um efeito de integração. Recordo que houve uma resistência natural no início, pelo fato de os temas estarem predeterminados, mas a variedade de papeis a serem interpretados deu a todos uma oportunidade de contribuir com seus melhores talentos.
Dos bastidores, assisti em primeira mão a todos os ensaios e performances. Minha própria participação foi muito mais como espectador privilegiado, pois vi de perto a preparação de todos os meus colegas sem ter me envolvido especificamente em nenhuma peça. Marcaram, especialmente, as atuações dos colegas Diego Mroninski, esbanjando carisma na pele do Capitão Rodrigo, Fairuz Castro, no papel de Ana Terra, e Fabiana Raimundo, atuando como Bibiana.
Sou advogado e atualmente sou assessor no Ministério Público.

Priscila Leiria de Moura da Silva

Priscila Leiria de Moura da Silva – Ex-aluna da Turma de 2002 do CMPA
Participei da Tertúlia Romântica no ano de 2001, com o tema de O Continente, primeiro livro da trilogia O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo. Minha incumbência inicial era participar dos bastidores do projeto, auxiliando na caracterização das personagens e nas trocas de cena, no entanto, a pedido da Profa. Eva, coube a mim também fazer o papel de uma das mucamas do Casarão. Um papel simples, mas que rendeu boas risadas no momento da caracterização porque os aventais eram feitos com as cortinas da casa da Profa. Eva.
 Lembro que foi um período de muita interação entre os alunos porque envolvia as disciplinas de literatura e história. Recordo que o assunto “Tertúlia Romântica” ultrapassava os períodos das aulas e que, muitas vezes, ficávamos à tarde no CMPA conversando com as Profas. Eva e Helena para desenvolver melhorias nas apresentações. O interessante foi perceber que cada aluno poderia com suas características pessoais contribuir para o andamento do projeto fosse no palco ou fora dele. Acredito que isso fez com que todos vivenciassem não só a Tertúlia em si, mas, principalmente, tivessem a percepção do que era a “visão do homem no tempo, no espaço e no ambiente no século XIX” - como sempre enfatizou a Profa. Eva em suas aulas – que aquele momento histórico representava.
 Recordo do talento nato do Diego Mroninski na pele do Cap. Rodrigo Cambará e seus trocadilhos ao proferir suas falas; da seriedade com que a Fabiana Viegas encarnou a Bibiana; da linda voz da Camila Pereira entoando suas canções. São adoráveis memórias que marcaram esse momento e que, passados 11 anos, permanecem vivas em mim.
Pessoalmente, foi uma fase muito enriquecedora porque me permitiu “vivenciar” um dos livros que mais me fascinou. Pude compreender a dimensão que a atitude dos personagens teve naquela época, bem como aprofundar meus conhecimentos a respeito da história do Rio Grande do Sul. Acredito que ter participado da Tertúlia me fez expandir horizontes, pois comecei a ler as obras de um modo diferente. Passei a apreciar muito mais a construção das tramas em si, a contextualização histórica e a forma que ela influencia os personagens, os dramas e a sua ligação com o enredo. Em suma, a Tertúlia poderia ter sido apenas um trabalho entre duas disciplinas escolares, todavia, foi um presente dado pelo CMPA que deixou aprendizados, lembranças e vivências a todos aqueles que tiveram a oportunidade de dela participar.
Atualmente sou advogada assessora no Tribunal de Justiça.

O Continente – parte 1.  O Tempo e o Vento - cena 1


Sou a primeira mucama da esquerda